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Desembargador Arno Gustavo Knoerr


DESEMBARGADOR ARNO GUSTAVO KNOERR

Por Robson Marques Cury

Arno Gustavo Knoerr, filho de Gustavo Knoerr e de Analisa Otília Knoerr, nasceu no dia 21 de abril de 1940, em Curitiba (PR). Formou-se bacharel em Direito pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), turma de 1967. 

Antes de ingressar na magistratura, trabalhou na indústria de máquinas para beneficiamento de madeiras, fundição de ferro e outros metais, fundada por seu pai, e no setor de crédito da Hermes Macedo S/A. Foi solicitador acadêmico, credenciado junto à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), além de ser advogado na área Cível. 

Em 20 de novembro de 1970, Arno Knoerr assumiu, como juiz substituto, a Seção Judiciária de Paranavaí. Em 5 de junho de 1974, foi promovido ao cargo de juiz de direito da comarca de Reserva. Exerceu, também, suas atividades nas comarcas de Morretes, Francisco Beltrão, Maringá (onde foi também juiz supervisor do Conselho de Conciliação e Arbitramento), Ponta Grossa e Curitiba. Em agosto de 1995, foi removido ao cargo de juiz de direito substituto em 2º Grau. 

Em 10 de setembro de 1998, Knoerr foi empossado juiz do Tribunal de Alçada e, no dia 31 de dezembro de 2004, foi promovido a desembargador do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná (TJPR).  

Aposentou-se, compulsoriamente, no dia 19 de abril de 2010. 

Casado com Wilse, tiveram os filhos Fernando Gustavo Knoerr, advogado que compôs o Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) como juiz na vaga da classe dos advogados, Cláudia e Cristina. 

Alguns meses após eu assumir a comarca de entrância inicial de Dois Vizinhos, em 1978, residia com a esposa Maria Regina e o nosso filho Rodrigo ainda bebê na casa do juiz situada ao lado do Fórum, no alto de um aclive, localizado a uma centena de metros da rudimentar pista de pouso no alto do morro que separava a cidade em duas partes. 

Pó vermelho no forte calor do sudoeste que entrava em todas as frestas e barro escorregadio nas chuvas, tornando obrigatório o uso de correntes para chegar em casa. 

Eis que, num sábado, recebo a visita de Arno Gustavo Knoerr e de sua família. Knoerr era magistrado de Francisco Beltrão, à época comarca de entrância intermediária. Foi assim que nos conhecemos. Foi o início de uma longa amizade, perdurando até os dias atuais. Com ele muito aprendi quando labutamos juntos, inicialmente no Tribunal de Alçada e depois em Câmaras do Tribunal de Justiça. Nossas esposas, Wilse e Regina, tornaram-se também muito amigas. 

Em Curitiba, eu atuava na Vara de Menores Infratores na rua Nilo Peçanha, onde estagiou o acadêmico de Direito Fernando, filho do doutor Arno. 

E Fernando Gustavo Knoerr, renomado causídico e conceituado professor de Direito, atendendo a meu pedido, formulado através da bibliotecária Denise Antunes Ferreira, rememorou nuances da vida e da exitosa carreira do seu querido papai. 

“Filho do engenheiro aviador Gustavo Knoerr e da alemã, nascida na região de Mainz, Analisa Otilia Knoerr, Arno desde cedo aprendeu os segredos da língua alemã e assimilou as nuances filosóficas do idioma. 

Criado com a liberdade que lhe permitiu formar sua própria concepção de mundo, concluiu seus estudos preliminares na primeira turma do Colégio Martinus, mantido pela Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil. 

Mais tarde, para arcar autonomamente com os custos dos livros, que até hoje o acompanham, Arno passou a trabalhar como atendente na loja de departamentos Hermes Macedo. 

Conheceu a jovem Wilse, sua primeira namorada e companheira de vida inteira. 

Frequentando em paralelo o curso de Jornalismo, durante um certo período, Arno graduou-se em Direito na UFPR em 1966. 

Cedo, mostrou interesse pelas carreiras públicas. Ingressando como delegado de Polícia Civil do Paraná, frequentou aulas de judô na Academia de Polícia que, segundo relatava Wilse, renderam-lhe alguns hematomas. 

Foi em seguida aprovado no concurso para Promotor de Justiça substituto e também de Juiz de Direito Substituto 

Optando pela Magistratura, após 7 anos de namoro, Arno casou-se com Wilse, nascendo Fernando, o primeiro filho. 

Arno se encontrava como Juiz substituto na comarca de Paranavaí e, avisado da iminência do nascimento de Fernando, deslocou-se para Curitiba com seu Fusca branco, placas amarelas PV-1991, mas não chegou em tempo em razão de um bloqueio na estrada causado pela inundação decorrente das fortes chuvas na região em janeiro de 1971. 

Aguardada a aprovação no concurso de vitaliciamento, agora Juiz titular na comarca de Reserva, Arno e Wilse concluíram que era possível aumentar a família, e assim nasceram Cláudia, em 1971, e Cristina, em 1975. 

De Reserva, a família seguiu sempre unida todo o périplo de comarcas pelas quais Arno passou ao longo da carreira, sem deixar de fora nenhuma das regiões do Estado, seguindo para o litoral em Morretes, para o sudoeste em Francisco Beltrão, para o norte em Maringá, para os Campos Gerais em Ponta Grossa e, finalmente, vindo a Curitiba, onde atuou como Juiz da 2ª. Vara de Família, nas salas localizadas nos fundos do plenário do Tribunal do Júri, e titular da 18ª. Vara Cível, no prédio da Cândido de Abreu. 

Foi promovido a Juiz do Tribunal de Alçada e, mais tarde, com a incorporação ao Tribunal de Justiça, tornou-se desembargador. 

Arno define-se por sua sisudez que, muito rapidamente, vem acompanhada de uma observação perspicaz ou até mesmo de um chiste que, para os bons entendedores, torna o ambiente mais leve e fluido, presenteando os que o circundam com seu humor fino, como alguém que oferece uma guloseima para tornar a vida mais doce. 

Muitas de suas perspicazes observações em sessões ainda ecoam nos registros do TJPR, tal como ao ponderar, sendo relator, que, embora o recurso em análise fosse oriundo da comarca de Pitanga, as razões apresentadas ‘não frutificaram’. Em outra ocasião, acompanhando o relator, categoricamente afirmou: ‘Embora vogal, voto consoante’. 

Wilse que, corajosamente sempre conviveu com uma nefropatia, partiu antes de seu jubilamento como desembargador. 

Como resultado de uma vida sempre regrada, em todos os aspectos, inclusive em sua saúde, Arno, hoje com 83 anos, sempre acompanhado de seus livros, escritos invariavelmente em alemão, conduz seu carro e dirige-se ao litoral paranaense, onde pedala vigorosamente sua barra circular que, segundo ele, apenas não se desintegra em razão de sua ferrugem. ‘Se lixar, desaparece’. 

Não há nada melhor do que ler após pedalar, de preferência um livro voltado à história ou à teologia, temas de sua predileção. 

Mesmo quando está em Curitiba, com os três filhos, a nora Viviane, o genro Jean, os quatro netos, Natália, Daniel, Alexandre e Marcela, não deixa de ler e de se exercitar diariamente, caminhando ou, de preferência, pedalando, inclusive para, de vez em quando, dar uma passada na sede da Associação dos Magistrados do Paraná (Amapar) ou no Tribunal de Justiça. 

Integridade, disciplina, inteligência e bom humor fazem do Arno uma pessoa amavelmente única”. 

(Elaborado com a contribuição e pesquisa das respectivas fichas funcionais pela bibliotecária Denise Ferreira Antunes, do TJPR).