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TJPR lança cartilha em live do Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência


TJPR LANÇA CARTILHA EM LIVE DO DIA NACIONAL DE LUTA DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA

Palestras abordaram capacitismo, terminologias adequadas e direitos das pessoas com deficiência, temas da Cartilha de Acessibilidade e Inclusão do tribunal

O Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência, comemorado em 21 de setembro, marcando o início da primavera, foi tema de uma live realizada pelo Tribunal de Justiça do Estado do Paraná (TJPR). Organizada pela Comissão Permanente de Acessibilidade e Inclusão (CPAI), da Escola Judicial do Paraná (Ejud-PR) e da Corregedoria-Geral de Justiça, o evento, transmitido no canal da Ejud-PR no YouTube, abordou a capacitação, sensibilização e conscientização dos direitos da pessoa com deficiência, e teve o lançamento da atualização da Cartilha de Acessibilidade e Inclusão do TJPR.

A abertura e o encerramento do evento foram realizados pelo desembargador Sigurd Roberto Bengtsson, presidente da CPAI, e pelo juiz auxiliar da Corregedoria-Geral e integrante da CPAI, Fabio Ribeiro Brandão. “Essa luta pelos direitos da pessoa com deficiência tem a consequência e a responsabilidade de todos nós que somos operadores do direito”, disse o desembargador Bengtsson na abertura do evento. O juiz Brandão ressaltou a importância e o impacto do trabalho da CPAI dentro do Poder Judiciário. “A gente está sempre aprendendo, e esta foi uma oportunidade para disseminar esse conhecimento”, afirmou Brandão ao final da live organizada pelo TJPR.

Palestras falaram de capacitismo e direitos fundamentais

Durante a transmissão, foram apresentadas duas palestras sobre comportamento e mudanças de atitudes diante das pessoas com deficiência, como preveem os artigos 17 e 18 da Resolução n.º 401/2021 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). O juiz substituto do TJPR, Luis Ricardo Catta Preta Silva Fulgoni, falou sobre “Pessoa com deficiência – A evolução do conceito, modelo social de deficiência e a (in)constitucionalidade da internação psiquiátrica involuntária”, e a advogada Tabata Brandt do Amaral, especializada na Proteção dos Direitos da Pessoa com TEA e PcD,  fez uma palestra sobre “Direitos Humanos das Pessoas com Deficiência – A Lei Brasileira de Inclusão de Pessoa com Deficiência”.  

Um dos temas abordados foi o capacitismo – a prática de dar tratamento desigual à pessoa com deficiência –, que é considerado um ato de discriminação por tratar pessoas com deficiência como incapazes.  A deficiência não é uma questão pessoal, mas social, e não deve ser considerada uma incapacidade, mas uma característica que pode criar barreiras ao indivíduo quando ele interage com a sociedade. Na sua palestra, a advogada dissertou sobre os direitos fundamentais da pessoa com deficiência. “A pessoa com deficiência tem direito à vida, e essa vida tem que ser digna”, destacou Tabata Brandt do Amaral.

Durante o evento, foi explicado também que os termos “deficiente”, “pessoa portadora de deficiência” ou “portador de necessidades especiais” não devem mais ser usados.   A palavra “deficiente” tem um significado pejorativo, enquanto a palavra “portador” remete a algo que a pessoa carrega, que não faz parte dela. Por isso o termo mais adequado atualmente é Pessoa Com Deficiência (PcD), expressão que informa a deficiência não como uma escolha, mas algo que a integra. Na Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo, assinados em Nova York em 30 de março de 2007, e posteriormente a Lei Brasileira de Inclusão, de nº 13.146/2015, foi definida essa terminologia como forma de combater a discriminação.

A importância da Cartilha de Acessibilidade e Inclusão do TJPR

O juiz auxiliar da Corregedoria-Geral e integrante da CPAI, Fabio Ribeiro Brandão, falou sobre a importância da atualização da cartilha de acessibilidade e inclusão do tribunal. “Esses temas são muitos dinâmicos, e foi necessário atualizar e incluir alguns tópicos mais atuais como, por exemplo, o tema do capacitismo, da acessibilidade digital, atitudinal, e também temas como o transtorno do espectro autista”, explicou Brandão. Para o servidor do TJPR Gilberto Ozawa, pessoa com deficiência visual, é fundamental que os órgãos públicos criem oportunidade de trabalho para as pessoas com deficiência e ações como a criação da cartilha colaboram para a inclusão. “Acho importante tanto para as pessoas sem deficiência e também para que a gente possa divulgar entre nós, pessoas com deficiência”, afirmou Ozawa.

O juiz Luis Ricardo Catta Preta Silva Fulgoni, que só teve o diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista na vida adulta, aproveita todas as oportunidades para esclarecer que as pessoas com deficiência não vivem apenas uma condição pessoal, mas que é na sociedade, na interação, nas barreiras sociais que a deficiência se torna um impedimento para a realização do indivíduo. “O TJPR vem na vanguarda dessa quebra de paradigma, dessa quebra de barreira a respeito da temática das pessoas com deficiência. Eu vejo uma preocupação enorme da comissão de acessibilidade de estar sempre movimentando a máquina judiciária e a máquina pública em prol de promover a inclusão e promover a acessibilidade”, observou Fulgoni. O magistrado acredita que as pessoas que não possuem deficiência também devem superar barreiras, que são as da indiferença e do preconceito. “As pessoas fazem coisas incríveis, e as pessoas com deficiência também podem fazer coisas incríveis”, ressaltou.

 

O evento está disponível no canal da Ejud-PR no YouTube

Consulte a Resolução n.º 401/2021 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ)