Por Desembargador Robson Marques Cury

Pesquisadoras alemãs visitam unidades prisionais do Paraná para implementação de projeto

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PESQUISADORAS ALEMÃS VISITAM UNIDADES PRISIONAIS DO PARANÁ PARA IMPLEMENTAÇÃO DE PROJETO

Especialistas da área da saúde conheceram a realidade da Penitenciária Central do Estado e da Penitenciária Feminina do Paraná 

No dia 30 de setembro, a Penitenciária Central do Estado – Unidade de Progressão (PCE-UP) e a Penitenciária Feminina do Paraná (PFP) receberam a visita das pesquisadoras alemãs Elizabeth Kaiser e Fernanda Serpeloni. Ambas são doutoras em Psicologia Clínica pela Universidade de Konstanz, localizada na cidade de Constança, em Baden-Württemberg, Alemanha, e pesquisadoras na área da saúde.

O objetivo da visita foi conhecer as unidades penais e explorar a possibilidade de uma aplicação prática de projetos em saúde mental, com foco na Terapia de Exposição Narrativa (NET). A intervenção psicoterapêutica é destinada a sobreviventes de traumas múltiplos e complexos, e permite a integração de memórias traumáticas no contexto biográfico, ativando recursos pessoais e possibilitando a criação de significados e experiências corretivas.

Durante a visita, o diretor da PCE-UP, Marcelo Adriano da Cunha, destacou as abordagens adotadas na unidade: "A PCE-UP, unidade de segurança mínima, trabalha com abordagens baseadas em práticas restaurativas para a promoção de disciplina e convívio na unidade, com o objetivo principal da autorregulação."   

A pesquisadora Fernanda Serpeloni ressaltou a relevância do Sistema de Saúde como porta de entrada para o desenvolvimento de uma linha de cuidado para pessoas que passaram por situações de violência, além da importância do diálogo entre a Saúde Pública e a Justiça Restaurativa. “A Saúde Pública traz uma perspectiva ampla sobre os impactos da violência na saúde e as linhas de cuidado possíveis, enquanto a Justiça Restaurativa busca caminhos para a reconstrução do tecido social rompido pela violência. Juntas, essas áreas podem criar um novo entendimento das relações humanas, permitindo o reestabelecimento de laços sociais.”

A juíza substituta da Vara de Execuções Penais de Curitiba,  Laryssa Angélica Copack Muniz, também trouxe uma reflexão importante sobre o papel do Judiciário no acolhimento de traumas: “Toda dor que não é transformada é transferida. Chega um momento em que o Poder Judiciário precisa olhar para o trauma. Não vamos sair deste lugar que nós estamos nem prestar o serviço da maneira que precisa ser, pela nossa função constitucional, se não pararmos para evidenciar isso.”  

O encontro marcou o início de um esforço conjunto para promover a integração entre pesquisa, formação e cuidado nos sistemas de Saúde e de Justiça, visando a uma abordagem humanizada no tratamento de traumas e na reintegração social de pessoas privadas de liberdade. Também estiveram presentes na visita a juíza de Direito da Vara de Execuções Penais de Curitiba, Carolina Maia Almeida, a juíza de Direito da 4ª Vara de Família de Curitiba, Cristina Trento, além de outros profissionais da área da Psicologia, Saúde Pública e Direito.