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TJPR discute políticas públicas de preservação da memória no LUME


TJPR DISCUTE POLÍTICAS PÚBLICAS DE PRESERVAÇÃO DA MEMÓRIA NO LUME

Reunião de representantes de diversas instituições que apoiam o LUME: Lugar de Memória ressaltou a importância da democracia e direitos humanos

O presidente do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná (TJPR), desembargador Luiz Fernando Tomasi Keppen, participou, nesta quinta-feira (26/10), de reunião no LUME: Lugar de Memória, no Centro Judiciário de Curitiba, com instituições que apoiam o projeto de criação de políticas públicas de memória e reparação em todo o estado do Paraná.  Participaram do evento membros do TJPR, do Ministério Público (MPPR), da Universidade Federal do Paraná (UFPR), da Secretaria Estadual da Justiça e Cidadania (Seju), da Assembleia Legislativa (ALEP), do Comitê Estadual de Memória, Verdade e Justiça do Estado do Paraná (Cemvej), entidades civis e sindicatos. “O preço da liberdade é nossa eterna vigilância, assim como o preço da democracia também é nossa eterna vigilância”, afirmou o presidente do TJPR, que defende a criação e o apoio a espaços de memória.

O procurador-geral de Justiça, Gilberto Giacoia, agradeceu ao TJPR por criar e incentivar os projetos desenvolvidos no LUME. “Uma sociedade que não tem memória é uma sociedade que não tem história”, ressaltou. Após a reunião foi realizado o Seminário “35 anos da Constituição Federal” na sede do MPPR, com palestra do deputado federal constituinte Nelton Friedrich e mesas- redondas com os temas “Justiça de Transição 35 anos depois da Constituição de 1988” e “O papel da história na formação de políticas públicas”. “As investigações que realizamos mostram que houve muita violência no Paraná”, reiterou o promotor Olympio de Sá Souto Maior Neto, citando o Cemvej.

Na reunião no LUME, discutiu-se como construir redes e propor ações para a elaboração de políticas públicas que valorizem a memória do Paraná em relação a lutas democráticas e violação de direitos humanos no estado. “Estamos criando novas parcerias, desenvolvendo projetos e reformulando nosso termo de cooperação, lembrando sempre que a memória é uma ferramenta para a democracia”, explicou Claudia Cristina Hoffmann, coordenadora do LUME. O presidente do TJPR lembrou sua visita a campos de concentração e lugares marcados pela violência na Alemanha para defender que os fatos negativos da nossa história não devem ser esquecidos. “Apoiamos a iniciativa desse projeto porque a democracia é, na história da humanidade, um breve hiato no tempo da organização humana; é uma evolução que precisa ser sempre defendida”, observou Keppen.

Antiga penitenciária e o LUME

A desembargadora Maria Aparecida Blanco de Lima, do TJPR, lembrou que muitas pessoas foram encarceradas como prisioneiros políticos no prédio onde hoje funciona o LUME: Lugar de Memória durante a ditadura civil-militar brasileira. “A minha luta por esse espaço foi por tudo o que presenciei naquele período, e fico emocionada de ver essa concretização aqui”, frisou a desembargadora. A jornalista Elisabeth Franco Fortes, que na época da ditadura era uma líder estudantil de 22 anos, ficou presa durante quase dois anos em uma cela próxima ao local onde foi realizado o evento. “Nós fomos presos porque lutamos pela liberdade. A gente não podia falar, mas fizemos assembleias e comícios”, contou a ex-prisioneira.

Para o diretor da Faculdade de Direito da UFPR, Sérgio Said Staut Júnior, cabe também à universidade apoiar iniciativas de preservação da memória. “Temos que ter compromisso com a democracia, a liberdade e os direitos humanos, formando professores e alunos comprometidos”, afirmou. O diretor do Setor de Ciências Humanas da UFPR, João Frederico Rickli, também demonstrou seu apoio institucional ao projeto de criação de um espaço de memória paranaense. “Este é um caso bem-sucedido de articulação de atores institucionais que conseguiram sensibilizar e mobilizar a sociedade”, parabenizou Rickli. O coordenador do Observatório Interinstitucional de Direitos Humanos do TJPR, Jonathan Serpa Sá, reforçou o papel do tribunal. “Sempre estamos de portas abertas para nunca esquecer e dar espaço para a memória paranaense”, reiterou.